O último decreto da Comissão Interministerial da luta contra a Covid-19 introduziu uma série de alterações aos decretos anteriores nos quais se denota uma inexistência de coerência de difícil compreensão.
Permitiu a abertura de restaurantes até às 0:00 horas, o funcionamento de discotecas até às 5:00, de ginásios, cinemas, teatros, salas de jogos, casinos, museus, monumentos e similares. Permitiu que os táxis e autocarros tenham uma lotação a 100%, que se mantenham as bichas nos multicaixas, repartições, etc… Autoriza a actividade lectiva presencial em todos os níveis de Ensino, e a presença de público (50%) nas actividades desportivas. Mercados e venda ambulante. Actividade política, religiosa, casamentos e similares. Mas, por paradoxal que seja, mantem as praias, piscinas e marinas encerradas.
Dentro desta última perspectiva, dá a sensação que o Covid-19 não gosta de música alta, preferindo de longe os espaços amplos e abertos, com sol e água doce e/ou salgada, detesta museus, restaurantes, ginásios, prefere andar a pé que de táxi ou de autocarro.
Tenho conhecimento que no Mussulo, onde grande parte da elite angolana possui habitação, se “faz” praia sem qualquer tipo de restrição. Como também é sabido que a maioria da nomenclatura em Luanda possui piscinas nas suas residências! Serão estes motivos que “tolhem” a visão das pessoas que trabalham nestes documentos?
O simples cidadão, que “verga a mola” durante a semana, que não tem por hábito frequentar restaurantes ou discotecas, tem filhos jovens que por este ou aquele motivo não têm outro meio de divertimento senão uns mergulhos na praia nos finais de semana e feriados, vêm-se privados de uma actividade que é o lazer, neste caso específico agregado à natação, recomendada pela maioria dos médicos para adultos ou crianças, com problemas na coluna e não só, temos ainda a importância da absorção da vitamina D, para a imunização do organismo, proveniente dos raios solares! Na minha humilde opinião, e como cidadão que nasceu à beira-mar e teve sempre a natureza como companhia, é extremamente desolador que “alguém” por motivos totalmente injustificáveis, tome este tipo de decisão. Esta é sem sombra de dúvida a Incoerência das Coerências.
Norberto Baptista (In Facebook)