Quando morre um homem bom

JAcQUEs TOU AQUI!

Jacques Arlindo dos Santos

Tristeza não tem fim,

Felicidade, sim…

Vinícius de Moraes/António Carlos Jobim

A morte representa o fim irrevogável e merece silêncio, respeito e recolhimento. Li esta frase de um jornalista quando morreu Nelson Mandela. A morte entre nós, raramente é silenciada e por essa e muitas outras razões, não posso deixar de expressar nesta coluna o meu sentimento de perda, o choro difícil de conter neste momento doloroso que vivemos, o qual nos obriga a pensar que muitos de nós nos sentimos amargamente cada vez mais sós.

No círculo dos seus familiares e amigos, era esperada a morte do Paulo Lara. A doença foi célere a antecipar a sua partida. Foi demasiado implacável e acelerou inesperada mas rapidamente na curva da vida, arrebatando-nos para sempre o convívio de um homem bom, amigo, leal, de sorriso aberto e franco. Levou-nos a presença forte de um camarada comprometido com o país, ainda com muita coisa para oferecer à nossa amada terra de Angola. Ele só tinha 65 anos, caramba! Com muita obra realizada, esperava-se do Paulo ainda muito mais. 

Não sou movido pelo gesto circunstancial de o tratar aqui e agora como homem bom pelo simples facto de ter falecido. Faz-se isso amiúde no nosso meio, quando morre alguém. Descobrem-se virtudes no finado, onde havia muitos defeitos. Não é este o caso do Paulo, porque ele era realmente um homem bom e digno. Como poucos, de passado e presente sem mácula, era lutador nato, defendia bem as suas convicções.

Lamento a sua partida porque, não será demais repetir-me, era um homem de uma bondade pessoal, de uma honestidade sem limites, de um sentido humanitário raríssimo, de um idealismo pouco usual nos nossos dias.

Cumpre-me dizer mais umas breves palavras para apresentar os meus mais profundos sentimentos de pesar à Cristina, à Wanda, ao Bruno, aos filhos e a toda a família enlutada. À Associação Tchiweka de Documentação, de que tenho a honra de ser membro, cabe agora a responsabilidade de honrar a memória do seu membro fundador e principal impulsionador, o que, com certeza, não deixará de ser feito.

Hasta siempre, querido e inesquecível General Paulo Lara!

Luanda, 26 de Março de 2022 

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