Preocupados com a crise social, espiritual e económica que aflige o país e particularmente a Região Sul de Angola, movidos pelo espírito altruísta de devolver esperança ao povo, os presidentes das três denominações religiosas membros da Aliança Evangélica de Angola sedeadas no Lubango nomeadamente, a Igreja Evangélica Luterana de Angola – IELA, a União das Igrejas Evangélicas em Angola-UIEA e a Igreja Evangélica Sinodal de Angola – IESA reuniram sexta-feira (19) na cidade do Lubango, na primeira edição da Conferência Regional dos Evangélicos de Angola – CREA, com o objectivo de reflectir sobre a resposta da Igreja contra problemas espirituais e sociais das comunidade diante dessas questões.
Os participantes analisaram, em torno do lema “O papel da igreja em tempos de crise”, a “Seca, causas e consequências”, “O Poder da unidade das famílias na transformação das comunidades” e temas relacionados com o evangelho e a esperança das nações,
No contexto social, tendo em conta os problemas que as comunidades enfrentam no centro sul do país, os participantes consideraram que o Governo deve fortalecer as acções concretas para o desenvolvimento sustentável a todos os níveis. Para o efeito, indicaram que se deve melhorar as vias de comunicação para facilitar o escoamento de diferentes produtos agropecuários, que se traduzirá no desenvolvimento local das comunidades e promover o Intercâmbio interprovincial da região
Por outro lado, defenderam que “a implementação dos projectos de intervenção social de combate a fome e a pobreza, o Programa Integrado para Intervenção dos Municípios – PIIM, devem obedecer a realização de um estudo aprofundado de acordo com as necessidades de cada comunidade”, mas também que “mereçam uma ampla fiscalização das estruturas provinciais e centrais do Governo, bem como dos actores políticos e sociais, para que respondam as reais necessidades pelos quais foram criados”.
Os membros do CREA entenderam ainda “que o Governo e os seus parceiros sociais, nomeadamente a igreja, ong’s, partidos políticos e associações cívicas, devem criar políticas que orientem as comunidades a utilizar racionalmente o meio ambiente, incentivando-as à prática da substituição das árvores, para prevenir os efeitos de seca”.
Os participantes sugeriram igualmente que “se crie projectos de intervenção emergencial com acções práticas que ditem soluções em relação às comunidades afectadas pela seca cíclica no Centro sul de Angola”. E sobre isso, os participantes “encorajaram o Governo a redobrar os esforços para a conclusão do projecto de transferência de água a partir do rio Cunene para as comunidades da Província do Cunene, e a construção de chimpacas nos municípios do Cuvelai e Curoca”.
Finalmente e aproximando-se o período de início de disputa eleitoral “os conferencistas apelaram para a observância do espírito de tolerância e convivência na diferença entre os diferentes actores políticos, para preservação da paz duramente alcançada, sempre levando em conta o facto de que Jesus Cristo é a nossa Paz e nossa esperança”.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICF), havia até Janeiro no Sul de Angola nas províncias de Namibe, Huíla, Bié e Cunene, cerca de 2,3 milhões de pessoas afectadas pela seca e de entre elas, quase 500 mil são crianças com menos de cinco anos.