AINDA SOBRE A INTERVENÇÃO DA MINISTRA DA EDUCAÇÃO LUÍSA GRILO

PÁSCOA FELIZ A TODOS OS ANGOLANOS NA DIÁSPORA QUE FAZEM MUITA FALTA 

Trabalhar na obra na diáspora, será pior do que ficar em Angola, onde as obras andam paralisadas desde 2018? Ou é melhor praticar assaltos a mão armada? Nem durante o longo período de guerra isso aconteceu. 

MARIA LUÍSA ABRANTES 

Partiu-me o coração, porque lágrimas já não tenho, pois há muito secaram, ao ouvir a Sra. Ministra da Educação, Luísa Grilo e o Sr. Ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão, a afirmarem publicamente, que “(…) quem está fora não faz falta (…)”. Que falta de conhecimento, que falta de empatia, que pobreza de espírito. Que vergonha! 

Os cidadãos dos países desenvolvidos que emigram, até tem benefícios adicionais especiais, porque não só podem aportar divisas aos referidos países, com as remessas para familiares e aquisição ou construção de imóveis, mas também representam os seus países bem ou mal. 

Os Estados Unidos de América, são dos maiores exemplos de proteção aos seus cidadãos que emigram, estejam onde estiverem. Seja um trabalhador honesto, um drogado, um assassino a soldo, a Administração americana faz de tudo para ir buscar qualquer dos seus cidadãos, a qualquer parte do mundo. Basta que os respectivos cidadãos se registem nos seus Consulados e estes, sejam informados pelos próprios, ou pelos familiares, que estão a correr perigo, ou que tenham os seus direitos humanos violados. Tem também como é óbvio, o direito ao voto eleitoral. Temos os casos recentes mais conhecidos, da atleta olímpica presa na Rússia, por ser encontrada em posse de droga, ou o caso dos mercenários americanos presos na RDC, por implicação na tentativa de golpe de Estado. 

Em Portugal, de onde contratam muitos dos consultores que ganham 10 ou mais vezes, o salário de um angolano com as mesmas qualificações, os seus emigrantes têm o direito ao voto nos países onde residirem, têm isenção de imposto alfandegário (taxa aduaneira), sempre que enviarem veículos, ou mobiliário, a partir dos países para onde emigraram, para qualquer porto em Portugal, entre outras facilidades. 

Será que as declarações dos dois dirigentes supracitados são reflexo de conversas partidárias, tendentes a excluir “ad aeternum” o voto a todos os angolanos da diáspora, (que não trabalhem nas missões diplomáticas), com medo da tendência dos votantes? 

Não há dúvida que Angola é mesmo um país impróprio para cardíacos. Nunca se esqueçam que cada emigrante é um votante e um contribuinte em potência. 

A que ponto chegou o radicalismo de membros do Executivo liderado pelo MPLA. Ou será que estariam a pensar que todos os angolanos são iletrados, ou trogloditas? Alguém se estará a ver ao espelho?

Como cidadãos angolanos, todos nós, governantes e governados, deveríamos ter vergonha, por termos irmãos nossos a dormir debaixo da ponte fora do país, (como disse a Sra. Ministra), por falta de oportunidades, devido a péssima gestão do país. Um indigente angolano arrastado, é a nossa bandeira arrastada. Os milhões de indigentes angolanos e os milhares de crianças de rua que vagabundeiam por Angola, disputando os restos de comida nos contentores do lixo, são da responsabilidade de quem? 

Trabalhar na obra na diáspora, (como disse o Sr. Ministro Rui Falcão), será pior do que ficar em Angola, onde as obras andam paralisadas desde 2018? Ou é melhor praticar assaltos a mão armada? Nem durante o longo período de guerra isso aconteceu. 

O problema, é que para além dos membros do poder Executivo, quem lidera o país, ainda são os “velhos” partidos, que nos representam na Assembleia Nacional e no poder Judicial (neste caso não entendo porquê). Muitos deles viveram e alguns até nasceram no exterior do país, a que chamaram “mata”. Havia vários tipos de “mata”. A “mata” de Kinshasa, de Lusaka, de Brazzaville, de Argel, de Rabat, de Conacri, de Dar es Salem, de Paris, da Suíça, de Berlim, de Nova Iorque, de Gotemburgo (Suécia), de Praga, de Rostov e de Baku (Rússia), de Abidjan, etc. 

Páscoa feliz para todos os angolanos na diáspora! 

O meu kandandu! 

(Observação: Para quem não saiba, trogloditas, eram um tipo de indivíduos pré-históricos africanos, que viviam em cavernas, ou seja, em grutas normalmente escondidas nas rochas, ou em esconderijos subterrâneos (debaixo da terra), que quando se sentiam em perigo, agiam com agressividade e violência).

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