O país está abaixo do Zero, em termos de finanças públicas, na vertente de duodécimos para a rubrica salários. E aumentaram o número de províncias, quase duplicaram o de municípios, sem deixar de parte o “regabofe” para assinalar o Jubileu da Dipanda! É de antever um ano de 2025 ainda pior para a classe trabalhadora…
POR FERREIRA PESTANA
Hoje é dia 4 de Novembro e o salário de Outubro escasseia nas contas bancárias dos sacrificados e despriorizados de costume: os meros trabalhadores.
Se na vez passada, após ela mesma ter antecipado o catastrófico cenário de incumprimento no pagamento atempado de salários, relativamente ao mês de Agosto, com fundamento na prioridade que o Estado tem de dar ao serviço da dívida externa, dessa vez, a titular do MinFin, Vera Daves de Sousa, está mesmo à rasca, já que, até hoje (4 de Novembro), ela continua a lutar com o Tesouro e a AGT para ver se conseguem amealhar dinheiro suficiente, de modo a destinar ao pagamento do salário do mês de Outubro, relativamente ao grosso dos funcionários públicos e dos trabalhadores, em geral… Que situação!
Quer dizer, já estamos no mês seguinte e a remuneração de Outubro não dá sinais de se manifestar e nem os órgãos próprios/órgãos com responsabilidade na matéria vêm a público dar uma satisfação, ainda que não convincente!
Definitivamente, o país está abaixo do Zero, em termos de finanças públicas, na vertente de duodécimos para a rubrica salários. Mas, dinheiro público para as recorrentes contratações simplificadas, para projectos megalómanos, mas carentes de prioridade, e para acções desprovidas de utilidade geral, há sempre dinheiro e na dimensão quantitativa que se desejar!
Enquanto isso, a AGT vive brincando, confortado na legislação vigente em matéria tributária, aos cancelamentos e descancelamentos de NIF’s das empresas e agentes económicos, quando estes são fundamentais no processo de arrecadação financeira interna por parte do Estado. Haja mais diálogo/interacção e ponderação dos interesses em jogo!
Aliás, estamos todos bem lembrados de quem, enchendo o peito, afirmou, no alto da sua função, que já era possível pagar salários mensais à classe trabalhadora nacional, com o único recurso ao que o Estado obtinha com as receitas tributárias e que as receitas petrolíferas já não eram para aí chamadas. No entanto, o que vimos a assistir, nos últimos anos, é o Estado a se desdobrar de acrobacias em piruetas para, antes de cada mês terminar, terem os salários disponíveis.
É este quadro lúgubre que caracteriza a nossa vivência nestes “tempos de cólera” pós-JES e só o PR e os ditos iluminados, que o cercam, fingem que a realidade do país é de muitas e lindas cores, i.é, colorida, tal como é no país da Alice…
Só que o (des)andar das coisas no país, não anima, porquanto, é de antever um ano de 2025 ainda pior para a classe trabalhadora, pois se, de um lado, a produção e os rendimentos do crude estão a diminuir, doutro, as necessidades/despesas públicas seguem um ritmo assustador de crescimento. Basta lembrar, para agravar a pintura, que fomos aumentar o número de províncias e quase duplicamos o número de municípios, sem deixar de parte o “regabofe” que estamos a organizar para o Jubileu da Dipanda!
Enfim…
04.11.2024