A facilidade com que estão a ser divulgadas, ingénua ou explicitamente as declarações do líder do Chega, André Ventura, sobre a alegada natureza e qualidade dos deputados e políticos lusos, para justificar os seus ataques a democracia, deviam fazer soar os alarmes sobre a permissividade do discurso populista, racista, xenófobo e anti-democrático em Angola, a pretexto da crítica ao regime angolano. Ventura, na realidade faz um remake das posições da extrema direita na Europa e algures. O mesmo Ventura, apoiado por Marine Le Pen e Bolsonaro. As críticas ao regime de natureza autoritária e corrupta, não deveriam, em nossa opinião, talvez emocionalmente, fazer alguns endossar esse discurso antidemocrático, redutor e extremista, independentemente das posições ideológicas, (isto hoje vale o que vale). Mas quando não se consegue discernir entre a democracia e os regimes fascizantes de novos contornos, na Europa, nas Américas ou aqui em África, estamos mal. Não se estranha por isso que, sob o véu de uma propaganda desenvolvimentista muitos defendam o regime autoritário de Paul Kagame no Rwanda. Tal como alguns no passado, por exemplo, sustentando o dito sucesso da chamada “escola” (económica) de Chicago, defenderam o ditador chileno Pinochet.
*Jornalista
Bem visto.