Falta verdade da CIVICOP na gestão do caso das vítimas dos conflitos políticos

Com mentiras, sem uma Comissão da Verdade sobre o 27 de Maio de 1977 nunca haverá reconciliação nacional

MARIA LUISA ABRANTES

Enquanto a CIVICOP – Comissão para as Vítimas dos Conflitos Políticos, for uma mentira, com a conivência do órgão coordenador da mesma, com orientações não sabemos de quem, não haverá perdão para os fuzilamentos e prisões sem julgamentos de 27 de Maio de 1977.

Como previsto, a Comissão foi criada, oportunamente antes das últimas eleições, visando a caça ao voto. Antes disso, alteraram os artigos de algumas leis, que só servem para Angola, numa altura em que o mundo é uma bolha (global), aproveitando a maioria parlamentar do partido no poder. 

O pacto de silêncio foi  demonstrado pelo elogio fúnebre feito por ocasião do funeral do general Ludy Kissassunda, ex director da DISA, pelo presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo. Esse pacto foi selado, com a atribuição de medalhas de mérito oferecidas pela mesma entidade, a alguns dos maiores torturadores de prisioneiros do processo “27 de Maio”. Descaradamente, com a mentira, pretendem fazer dos algozes vítimas e das vítimas os predadores, ou loucos. 

Que cobardia!

Como é que tendo o Chefe do Executivo vindo admitir publicamente os fuzilamentos, as famílias das vítimas não poderão ter um boletim ou uma certidão de óbito, onde conste a causa da morte, porque o mundo não se resume a Angola? 

Só um grupo de “lobos” sociopatas e de psicopatas, que levaram à prisão e até à morte tantos inocentes, poderiam pretender agora inverter o ônus dos seus crimes, vestindo a “pele de cordeiro”. Isso, acontece com a conivência do Ministério da Justiça, que indefere os pedidos às famílias, a terem acesso à causa de morte dos seus entes queridos e aos processos de interrogatório das vítimas, onde constariam, entre outros, os nomes dos seus detratores. 

Será por esse o motivo que os tribunais superiores, em período de paz tem de ser comandados por militares, alguns dos quais passados a reserva à pressa, assim como a Procuradoria Geral da República? 

Com sentenças encomendadas, como tem tido sido propalado na mídia angolana e não só, é caso para dizer:

Justiça em Angola, procura-se!

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