29 DE OUTUBRO, DIA DA ACÇÃO A FAVOR DO CUIDADO

Estimativa da OIT dá conta que o investimento em creches e cuidados universais a longo prazo pode contribuir com a criação de 280 milhões de postos de emprego até 2030, e aumentaria a taxa de emprego das mulheres em 78%, sendo que 84% seriam formais…

CESALTINA ABREU

O trabalho do Cuidado e a ‘economia do Cuidado’ são termos que explicam a ideia de trabalho da CSI. O que significa cuidar daqueles que não podem cuidar de si ou precisam de apoio para fazê-lo (como crianças, pessoas doentes ou deficientes, pessoas idosas)? Cuidar dos outros deve ser reconhecido como um trabalho e os sistemas de cuidados integrais devem estar no centro da economia.

O desenvolvimento de uma economia de cuidado implica assumir o trabalho tradicionalmente feito, em privado, em geral, em casa, por mulheres, e torná-lo uma responsabilidade pública em termos de financiamento, organização e provisão. Dado o âmbito e a importância do trabalho de cuidado para todos os países, a economia do cuidado representa uma contribuição fundamental para o crescimento económico e o desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Em 2022, a OIT estimava que o investimento em creches e cuidados universais a longo prazo criaria 280 milhões de empregos até 2030, e aumentaria a taxa de emprego das mulheres em 78%, sendo que 84% desses empregos seriam formais. Em Junho de 2024, a sua estimativa era que, até 2030, mais de 2,3 bilhões de adultos necessitarão de serviços de cuidados, bem como 100 milhões de crianças. Mais de três quartos do trabalho de cuidados não remunerado é realizado por mulheres. Mundialmente, 20% dos profissionais de saúde e de cuidados trabalham informalmente, um número que sobe para mais de 30% nos países de rendimento baixo e médio.

Uma economia de cuidados robusta e que funcione corretamente, pode desempenhar um importante papel na construção de resiliência frente a crises, bem como no fomento do desenvolvimento social e económico.

O trabalho de cuidados não remunerado, frequentemente prestado pela família e pela rede social dos beneficiários de cuidados, é de grande valor para estes últimos, para os prestadores de cuidados e para a sociedade. Estes cuidados, que deveriam ser partilhados de forma mais equitativa entre homens e mulheres, complementam e suplementam, mas não podem substituir o trabalho de cuidados remunerado.

Os cuidados são fundamentais para o bem-estar humano, social, económico e ambiental, bem como para o desenvolvimento sustentável. O trabalho de cuidados, remunerado e não remunerado, é essencial para todos os outros trabalhos. Uma economia dos cuidados sólida e funcional contribui para uma força de trabalho actual e futura mais saudável, cria empregos, apoia as empresas e aumenta a produtividade. As mudanças transformadoras no mundo do trabalho, impulsionadas por inovações tecnológicas, alterações demográficas e alterações ambientais e climáticas, afectam a procura e a oferta de cuidados, bem como o acesso aos mesmos.

Segundo a Secretária-Geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), investir em cuidados faz sentido para as nossas sociedades. São necessários planos de emprego e de investimento em todos os países para criar mais oportunidades de trabalho remunerado e de melhoria das condições de vida para as mulheres, e tornar esses empregos de cuidados uma realidade até 2030, como parte de um Novo Contrato Social.

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