A Sociedade Baía de Luanda, “mamou” as comissões das obras, e em vésperas do término do mandato do Presidente José Eduardo dos Santos (09/05/2017), arrecadou mais USD 379.000.000,00, alegando, que o custo da obra aumentara, que precisavam de pagar ao “investidor” e que sairiam do negócio.

Como angolana e contribuinte, não posso entender e muito menos aceitar, que o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço, não pague a dívida interna, que seria a principal medida para “aquecer” a economia nacional, mas passemos a vida de mão estendida a nos endividarmos, para haver dinheiro para priorizar projectos megalómanos como o da dragagem da Baía de Luanda, para além de constantes compras de viaturas top de gama, com as quais se exibem de nariz empinado, como se fossem pagas com o seu suor.
Como se não bastasse, a obra com contornos obscuros de construção do Centro de Convenções de Luanda, na Chicala, avança agora com dragagens (as máquinas estão lá), em plena Marginal da capital, ao lado do Porto da Luanda. No que refere à Chicala, quando em 1990 arranjei um terreno e uma doação “pro bono” garantida, para a artesã Isabel Baptista construir um Centro de Formação de Artesanato para os filhos dos pescadores, ela foi aliciada por Assunção dos Anjos a desistir, com promessas falsas.
O então Governador de Luanda, (o meu falecido colega de curso Vavuti), disse-me, que não era possível avançar com o projecto, porque havia necessidade de construir aí um canal para circulação das águas da Baía de Luanda. Qual não foi o meu espanto, quando o próprio Assunção dos Anjos, seus colegas de Gabinete e Syanga Abílio, vice-presidente da SONANGOL, construíram arranha-céus na ilha de Luanda, onde os portugueses nunca permitiram. Na era do Presidente João Lourenço, foram feitos provavelmente novos pactos com alguns membros da família Madaleno, que passou a ter poder com a ascensão de Álvaro Sobrinho ao cargo de PCE no BESA (lobo no galinheiro). Daí que, até assustei e “já está” a construção de um Centro de Convenções, ao lado do local onde Sílvio Madaleno começou a construção de uma Marina.
Quantas escolas, centros médicos, estradas terciárias e esgotos poderiam ser construídos ou reabilitados, ou quantos municípios poderiam beneficiar de adução de água e electricidade, com esse dinheiro?
É extremamente constrangedor que o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço, nos queira fazer passar por mentecaptos, atrasados mentais, ou atrasados de mentalidade. A excepção dos que são hipócritas (os falsos críticos), que só falam por despeito atrás do Presidente João Lourenço, ou não assinam o que escrevem, mas estão sempre à espera que caia uma migalha do prato de quem “manda”, ou de um falso louvor, para se ajoelharem e rezarem para apanhar do chão, a população, essa já não aguenta mais.
Quem não nasceu nem cresceu numa casa bonita, mas rodeada de lixo e de esgotos a céu-aberto e muitos menos em casebres (por isso lutamos), tem de dizer basta por amor de Deus!
Será só ganância?
Recalcamentos de infância?
Para mim, é também atraso de mentalidade. Quem cresceu com retrete (um buraco numa palhota do quintal rodeado de aduelas, ou sem elas), nunca trabalhou, ou o único serviço foi falar sobre política, ou foi pegar em armas, não pode, de forma alguma, saber como ordenar ou corrigir a execução seja do que for. Muito menos, gerir ou executar. Não bastam títulos oferecidos, diplomas e muito dinheiro feito à pressa, nem ter vivido nas cidades em casas ocupadas. Tem que lavar a alma e a mente. Está à vista de todos, 50 anos depois.
Numa cidade como Luanda, com quilómetros de praias, que se estendem da Marginal a Barra do Kwanza e seguem, com a miséria que grassa o país, que mata mais cidadãos dos que constam das estatísticas, a prioridade do Executivo é a dragarem a Baía de Luanda, para fazer prédios com benefício financeiro de pessoas ligadas ao poder estabelecido?
Se ao menos se preocupassem com a limpeza diária da Baía com equipamento moderno…
Porque não destroem os casebres imundos da Nova Marginal, que vão desde a costa do bairro da Samba e Corimba, até a Barra do Kwanza?
Com o dinheiro que pelos vistos arranjam para projectos que indirectamente podem beneficiar os novos-ricos ligados ao poder, poderiam construir casas sociais para albergar essa população. Também os poderiam alojar nas casas sociais entregues a IMOGESTIM, que vendem 3 (três) a 4 (quatro) vezes mais o preço da entrega pelo Estado, por ganância dos seus sócios, entre os quais, da família do Presidente da República.
A IMOGESTIM prefere casas a degradarem-se, do que vendê-las ao preço real e para cúmulo, continuam com as casas na sua posse (titularidade), porque até a presente data nunca celebraram nenhuma escritura pública com os compradores que pagam à vista. Sabem que se for preciso reparar, o Estado paga novamente.
Fico igualmente sem saber, com quem ficou a Sociedade Baía de Luanda, após a renúncia ao referido projecto, que tinha como parceiros José Recio, os generais Leopoldino do Nascimento “Dino”, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e o desaparecido Carlos Silva, encabeçados por Manuel Vicente e a SONANGOL para os alavancar, e se é um dossiê desconhecido pelo actual regime.
Desde quando o português José Recio, a quem foi atribuída uma medalha de “herói”, assim como o brasileiro/japonês Minoru Dondo, são investidores estrangeiros?
José Recio foi pintor de casas na construção civil nos Estados Unidos e anteriormente, operário da Angases em Moçambique, cujos proprietários estão a mim ligados (não por negócios), assim como hoje o bilionário Minoru Dondo, era entregador de cabazes de Natal. Recio, tal como Minoru, vieram com uma mão à frente e outra atrás, como vêm os “mamadus” e todos os novos-ricos nacionais. Se quiserem que conte toda a estória de Recio estou disponível. Por acidente, fui a primeira pessoa contactada por Recio, em 1990, quando chegou a Luanda. Aliás, o Presidente João Lourenço sabe muito bem que muitos portugueses vieram de mãos a abanar e levam milhões de dólares e de euros. E sabe, porque posso afirmar que ele sabe. Os lobos são colocados propositadamente no galinheiro.
A Sociedade Baía de Luanda, “mamou” as comissões das obras, e em vésperas do término do mandato do Presidente José Eduardo dos Santos (09/05/2017), arrecadou mais USD 379.000.000,00, alegando, que o custo da obra aumentara, que precisavam de pagar ao “investidor” e que sairiam do negócio.
Será que Dino, Kopelipa, Manuel Vicente, Carlos Silva e Manuel Vicente saíram mesmo do projecto? Não teriam deixado testas de ferro? A quem o Governo de Luanda cedeu as novas concessões de terras da Baía de Luanda? Onde é que está a necessidade de segurança da orla marítima e da protecção do meio-ambiente, pelo respectivo Ministério, que engole bilhões de kwanzas anualmente sem nada fazer, para tratamento dos esgotos cujos dejectos vão parar a Baía de Luanda?
Não somos todos ignorantes e somente ideólogos. O blá-blá-blá, boas imagens e estatísticas duvidosas, são apenas marketing politico. Não se comem, nem nunca serão a base para o desenvolvimento de Angola que tem tudo, menos dirigentes políticos a altura.











